Apesar dos inúmeros estilos decorativos, existe um que se destaca pela sua intemporalidade, elegância e conforto. Estamos a falar do estilo clássico cujos espaços se constroem com elementos tradicionais da decoração francesa, inglesa, grega ou italiana. Os detalhes ricos dos seus ambientes parecem falar do passado e convidam-nos a sonhar com tempos de opulência e de sofisticação.
Neste guia, aprenderemos a identificar os detalhes construtivos e decorativos que fazem este estilo. Também conheceremos um pouco do seu passado, presente e até futuro. É, sem dúvida, um guia para guardar entre os seus favoritos.
Desde o início, o estilo clássico foi amplamente aceite pelos mais conservadores e/ou tradicionais. O seu nascimento é quase tão antigo como o Homem e ao longo dos séculos foi-se transformando de acordo com os lugares e as culturas. Em França, nos finais de 1600 podemos reconhecer muitos dos elementos que hoje formam o clássico mais moderno. Em Inglaterra, ocorre o mesmo, pegando em elementos pré-Victorianos de detalhes construtivos, como painéis de madeira, e obtendo uma mistura harmoniosa entre as diferentes culturas.
Na actualidade, os ambientes clássicos são geralmente desprovidos de ornamentos, mas, ainda assim, fiéis à estética. A partir do clássico, podemos entender as correntes conservadoras e palaciais, as mais eclécticas e as de aspecto mais vintage ou french country.
Pouco podemos afirmar sobre o tempo que ainda está para vir. Ainda assim, a tendência para a qual o estilo clássico de hoje se inclina é mais ecléctica e luxuosa. É um estilo representado por ricos e exóticos elementos e texturas, madeiras com detalhes de ouro e prata, couros e sedas estampadas em estofos e cortinas, cores vivas e contrastantes que oferecem mais personalidade e dramatismo.
Este movimento, também conhecido como “Hollywood Regency”, surge nos anos 20, em plena época dourada das artes e do cinema.
O mobiliário combina uma simétrica geometria com metais polidos e vidros brilhantes. Uma tendência que se adapta aos nossos tempos, transportando para eles referências e características da Art Deco. O avanço tecnológico também nos permite trabalhar outros materiais e dar novas formas e texturas aos objectos, não sendo por isso de estranhar o reconhecimento da peça ’Louis Ghost’ de Philippe Starck como cadeira de jantar formal típica do movimento.
Para a decoração tradicional é importante que os objectos a utilizar nos transportem para a sua época. Se a inspiração é francesa, podemos usar esculturas em pedra mármore, quadros trabalhados, candelabros, candeeiros de pé, tapetes de pêlo e um ou outro elemento decorativo chinês. Este último elemento, não sendo próprio do classicismo, faz parte de um jogo de contrastes entre diferentes culturas, o que habitualmente resulta muito bem. Alguns exemplos de elementos orientais bem aceites no estilo clássico são os vasos e os biombos com cenas rurais e quotidianas.
O segredo da beleza decorativa do classicismo encontra-se na simetria e no balanceamento visual, bem visível nesta sala de jantar.
Seja mais inclinado para o tradicional, ecléctico ou pop, um principio importante do classicismo é que os nossos móveis, quando bem escolhidos, se mantenham actuais ao longo do tempo.
No momento de escolher o mobiliário clássico, devemos optar pela qualidade, deixando um pouco de lado as questões de detalhe e estética. Não devemos esquecer que o barato sai caro e, por isso, um móvel económico e de pobre construção, certamente não irá durar o tempo suficiente.
Dentro do tipo de móveis existente neste estilo, os mais conservadores são habitualmente de madeiras escuras e brilhantes. Os mais casuais são de madeiras mais claras e os de aspecto vintage ou french country tendem a mostrar as marcas do tempo na sua superfície mais desgastada.
As cores quentes são as mais recomendadas para decorações clássicas. Os tons bege, ocre, dourado, vermelho, laranja e amarelo estão encarregados de oferecer calor e conforto ao espaço.
Para criar ambientes mais abertos e descontraídos, as cores mais claras e despigmentadas são as ideais. Nas paredes, é utilizada muitas vezes a mesma paleta com duas ou três diferenças de tons para criar pequenos contrastes e destaques.
Ao escolher as almofadas e as cortinas para um ambiente clássico, os desenhos tradicionais são sempre os mais procurados. Listas, motivos florais e retratos são temas intemporais e sempre muito populares.
Também se pode adicionar peso visual ao espaço através de almofadas de textura e tamanho generoso. Muitas vezes, se os ambientes são pequenos, combina-se o mesmo desenho entre os tecidos e os móveis mais próximos, como por exemplo, uma cadeira forrada ao lado de uma janela.
As decorações clássicas mais sóbrias podem-se construir a partir de mobiliário e estilo inglês onde predominam as cores plenas e claras e os pequenos desenhos que contrastam com as madeiras escuras próprias deste ambiente. Nesta versão do classicismo, a escala dos espaços é mais racional e humana, ao contrário da corrente francesa, cujos espaços são maiores e mais sumptuosos.
Ser clássico não significa pôr de parte a funcionalidade e a tecnologia. Hoje em dia, os pesados cortinados palaciais podem ser confeccionados de forma mais moderna e com inclusão de tratamentos anti-manchas e anti-fungos. Isto proporciona uma maior segurança e duração na vida útil dos elementos que tem em sua casa. Por sua vez, os tecidos mais leves comercializam-se em rolos, com todos os seu vincos e dobras, prontos a ser usados na criação de uma cortina tradicional.
As cortinas, ao “vestir” as janelas, devem ser o mais visíveis possível no exterior, pelo que, tanto elas como os seus suportes devem ser dramáticos e sofisticados.
Neste exemplo, a arquitecta Paula Herrero mostra-nos, a partir do seu trabalho especializado, um ambiente de leitura sóbrio, de linha inglesa, que se mistura com elementos do estilo contemporâneo. O espaço é predominantemente escuro e contrasta na perfeição com o ambiente contíguo de tons claros.
Ambos os espaços, claramente definidos e delimitados, convivem em perfeita harmonia.