A Casa dos Três Pátios!

Catarina Rodrigues – Homify Catarina Rodrigues – Homify
Three Courtyards House, Miguel Marcelino, Arq. Lda. Miguel Marcelino, Arq. Lda. Modern houses
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A casa dos três pátios não é apenas uma casa com três pátios. É uma casa onde o espaço envolvente é tão importante como a própria casa; é uma casa onde os espaços se encontram perdidos na própria fluidez do espaço; é uma casa que oferece a oportunidade de nos sentirmos perdidos, sem nunca o estarmos, na realidade. 

É este o projecto que o desafiamos a conhecer. Situado em Benavente, com um lago a Norte e o sol quente a Sul, o edifício procura construir na paisagem, uma linguagem própria, sendo no entanto esta, uma continuidade fluída da língua mãe, que é a Natureza.

Organizada num volume principal, a habitação possui dois pisos e claro, três pátios, todos eles com uma história diferente para contar: o primeiro pátio é tímido e reservado, fecha-se em si próprio e guarda apenas no seu espaço um sobreiro que já ali vivia antes; o segundo pátio é funcional, situado junto ao quarto-das-máquinas, sempre pronto para desempenhar funções de serviço; o terceiro pátio funciona enquanto elemento mediador entre a casa e a orientação Norte, com um elemento especial que mais à frente iremos descobrir…

Resta-nos dizer que este projecto ficou a cargo do arquitecto português, Miguel Marcelino.

Sombras reveladoras

São os sobreiros que inscrevem na paisagem o enquadramento visual que acolheu a casa dos três pátios.
Materializada sob a forma de um volume compacto, esta habitação propõe uma abordagem distinta face à envolvente. Funcionando os pátios enquanto elementos mediadores da relação entre o interior e o exterior, é através deles que os lugares criados pelo arquitecto, integram uma fluidez espacial orgânica e natural. No exterior, uma piscina oferece ao visitante a possibilidade de se perder na envolvente, desfrutando de uma conexão íntima com um dos elementos da terra, a água.

Fachada Norte

A orientação a Norte possui uma vista privilegiada sobre a envolvente e foi por isso que o mais largo dos pátios tomou forma neste lugar. 

É através desta escadaria que é feita a transição do pátio para a zona da piscina, sendo esta discreta e subtil de modo a não criar obstáculos que distraiam o olhar da magnífica paisagem envolvente. Ao subirmos as escadas somo surpreendidos com uma linha envidraçada que permite aos habitantes uma vista interior privilegiada sobre o pátio e a paisagem.

Vamos observar este pátio com mais atenção…

O terceiro pátio

O terceiro pátio é um lugar especial, encerra-se em si a partir de um gesto superior: um rasgo horizontal que emoldura a envolvente e abraça o habitante.

A sensação é a de que nos encontramos num espaço semi-exterior, que enquadra o que de melhor o local possui: o céu e a paisagem. 

Os três pátios desenvolvem-se numa sequência que vai desde o mais privado e introspectivo até ao mais aberto e exterior, sendo este, o último referido.

Privacidade

Envolvida em si mesma, a habitação espreita para lá dos muros. Muros esses cuja configuração é delimitada pela sombra que o sobreiro inscreve na sua superfície. Atrás do muro a habitação revela-se num jogo de transparências proporcionado pela sua materialidade ora forte (betão) ora leve, subtil e translúcida (vidro).

Relações íntimas

Esta habitação minimalista foi construída em betão com o objectivo de refrescar os interiores e os pátios da casa, tornando-os em locais extremamente confortáveis face ao calor sentido naquela zona.

Os grandes envidraçados projectam o interior para o exterior, e vice-versa, no entanto devido à criação das zonas de pátio, a privacidade está sempre assegurada, assim como o controlo da insolação directa no edifício.

Detalhes subtis

É neste pátio que encontramos detalhes subtis que visam e promovem a vida familiar no exterior da habitação, como é o caso desta mesa/banco pensada e projectada directamente com o muro. 

O sobreiro proporciona o sombreamento do local, tornando-o perfeito para refeições ou outras actividades ao ar livre.

Serenidade no interior

No interior paira a serenidade. O branco aliado à caixilharia de madeira relembra-nos que esta é uma casa puramente rústica embora contemporânea na sua abordagem conceptual. 

Também o pavimento em betão à vista nos relembra que este é um espaço jovem e sofisticado que reúne o melhor da tradição com a contemporaneidade.

Pela janela é possível observarmos a forma como a paisagem pinta os interiores com as suas tonalidades naturais, como se de um quadro se tratasse.

Auras distintas

Entre o interior e o exterior existe uma linearidade que se propaga e é transversal aos espaços. No entanto, através da materialidade e iluminação, foi possível criar, para ambos os espaços, auras e personalidades distintas.

No interior, a luz quente convida-nos a entrar; no exterior o pátio vermelho convida-nos a sair, e é neste jogo de dualidades que a habitação se divide mantendo um diálogo constante com a envolvente e o lugar.

A cor da terra na Arquitectura

Terminamos com uma imagem realmente especial, uma fachada cega do edifício onde se revela uma sombra mística proporcionada pelo sol de fim de tarde. 

Ao assumir um carácter minimalista, a habitação deixa-se transformar pela envolvente e esse é, sem dúvida, um dos pontos que caracterizam este projecto! Verifique também este livro de ideias, onde poderá conhecer as mais distintas fachadas portuguesas!

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